sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Derme, a carta da Mona




Exijo que não se demore tanto, conclua o que vieste fazer, deixe os ducados na tijela fina de prata e ouro, sopre a vela e vá, são 45 minutos...



Ele entrou por exatas nove noites da primavera daquele mês sem ao menos saber a textura da minha pele e a profundidade de minhas partes baixas, se deleitou com minha imagem conscientemente dispersa mirada na janela do palacete imundo do centro da cidade.


Mastigo o néctar da flor que colhi no jardim e penso nas encomendas que fiz ao boticário da Rua da Moeda, e ele entra, sem tocar minha nuca, meu seio e minha ingratidão. Me retrata com teus pincéis de fibra animal e a tinta pálida que me deixa desligada da tua presença em meu leito.


(Há alguns séculos sem a possibilidade de pressionar minha anca na tua, me dá descaso, ele só observa e me reproduz. Até ali não me despertava nenhuma curiosidade, só queria perfumes novos).


Não te intimides meu caro, não te olho fixamente porque esse funk não é da minha ossada, não entro na tua íris porque não sei como fazê-lo, já me desfiz na terra translúcida, virei pó, caveira e minhas mãos seguraram uma aquarela que esqueceste quando disseste que serias substituído, e serás... A puta se movimenta pra substituir, dança pra não querer ninguém pra vida toda e se deita pra obstruir o coração petrificado de brilhantes de plástico. Mas imagino que ainda possas beijar meu amor veneris, o beijo da vida inteira que derreteria os pêlos e me delatariam por lágrimas de sexo o petrificado amor que talvez sinta.


Em alta freqüência, rebolo com o tule da perpetuação feminina, é que vislumbro a ausência do afeto... Ser cortesã de puteiro do centro urbano é desligar todas as luzes verdes e deixar as vermelhas por todas as madrugadas que seja assim repetidamente enquanto se há pele.
*(corpo feminino em forma de violoncelo, aspecto de Jóia Laura na performance ao vivo que lembrará um "corpo instrumento", submissão/feminilidade)

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